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Registrando pra escola, vendas de garagem e o topo da montanha

Mais uma semana se passou desde que cheguei aqui nos EUA. Essa semana, certamente, foi bem diferente da semana passada: nada de acampamento da Marching Band, ficar em casa o dia inteiro... Eu fiz poucas coisas realmente úteis nos últimos dias.

Uma das coisas foi me registrar pra escola. Aqui nos EUA, o ensino médio tem quatro anos, que vão da nona à décima primeira série. Os alunos do nono ano são chamados de "freshmen"; os do décimo de "sophomores"; os do décimo primeiro de "juniors" e os do último ano de "seniors". Quando eu fui me registrar, houve uma pequena confusão. Eu deveria fazer o "Junior Year", que é o correspondente ao segundo ano do ensino médio no Brasil, mas eu queria fazer o "Senior Year", que é a série mais importante aqui e, consequentemente, a mais legal. Mas algum erro na minha papelada do intercâmbio (o tal do "application") informava que eu devia ser uma "sophomore", ou seja, o correspondente ao primeiro ano do ensino médio no Brasil!

Depois de muita conversa e alguns telefonemas eu consegui, pra minha felicidade, ser colocada no "Senior Year". Porém (sempre tem que ter um porém), apesar de eu me formar aqui, eu não vou receber um diploma igual ao dos outros alunos. É um "diploma honorário", porque eles não concedem diplomas normais pra intercambistas.

Feito meu registro pra escola, vinha a segunda parte: uma reunião com o conselheiro pra escolher minhas matérias e montar meu horário. Aqui, cada aluno tem um horário diferente. Algumas matérias são obrigatórias, mas outras nós podemos escolher. Como eu sou intercambista, eu tenho que fazer hitória dos Estados Unidos e Inglês. Além disso, eu tive que escolher três matérias entre uma lista que a minha agência de intercâmbio me passou pra não ter problemas com a Secretaria de Educação no Brasil. Eu escolhi matemática, química e francês. As matérias divertidas do meu horário são teatro e "Show Choir", que é um coral com dança.

Mas chega de falar de escola! Minha aulas começaram há dois dias e tem muita coisa pra contar, mas eu vou deixar isso para o próximo post. Vou falar um pouco sobre duas coisas que eu fiz no último fim de semana: ir a uma venda de garagem e ao topo de uma das montanhas daqui.

Venda de garagem, pra quem não sabe, é um meio que os americanos arrumaram de se livrarem das coisas que não querem mais e ainda ganhar dinheiro com isso. Eles simplesmente juntam essas coisas, colocam em bancadas na garagem de casa e vendem a um preço hiper baixo. Na verdade, vendas de garagem são bem sem graça e paradonas e noventa por cento das coisas que estão a venda não prestam, mas eu fiz uma aquisição muito boa pra minha coleção de livros.



(The Revenge of The Shadow King/ Snow Falling on Cedars)


Onde mais é possível comprar livros desse tamanho por 25 centavos de dólar?

A visita ao topo da montanha já foi mais interessante. Nós fomos de carro - e eu não iria à pé nem que me pagassem, porque é realmente um longe caminho até o topo - parando em cada lugar que tinha uma paisagem interessante para tirar fotos, o que fez a viagem durar cerca de umas 4 horas.

Nós vimos esquilos...



... belas paisagens...







... e a coisa mais fantástica que eu já vi aqui até agora:





neve! No meio do verão!

Neve, na verdade, não é aquela coisa braquinha, fofinha e perfeita que a gente vê em filme. É meio suja e se você tenta pegar sem luvas (eu estava sem luvas porque estava fazendo um calor escaldante na cidade; não imaginei que fosse precisar delas) você congela suas mãos. Apesar da neve, não estava realmente frio no topo da montanha, mas estava ventando bastante (a foto comprova).



Mesmo assim, foi um bom passeio.

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A Primeira Semana

Olá, pessoas!

Como vão as coisas no Brasil? Na mesmice? Diferentes? O país está desmoronando por causa da minha partida (HAHA!)? Aqui, tudo na boa. Desculpem a demora pra atualizar o blog, mas as coisas têm sido meio corridas desde a última postagem. Eu queria ter postado mais uma coisa antes de vir, falando das minhas expectativas. Obviamente, não deu. Mas vamos ao que interessa: como foram as coisas pra mim desde que eu saí do Brasil?

Eu saí do aeroporto de Confins às 9:35 da noite de 31 de Julho, sábado. Fui para Miami, onde, supostamente, eu deveria passar pela alfândega, mas onde eu simplesmente entreguei um formulário sobre o que eu estava levando e eles me deixaram passar. E se eu tivesse mentido no formulário?

Tinha uma placa bem interessante no aeroporto de Miami. Dizia o seguinte: alto risco de ataque terrorista, ou algo assim. COnvidativo, não?

Saindo de Miami eu fui pra Dallas, Texas. Foi só então que eu me dei conta de que eu já estava no EUA. Eu estava morrendo de fome e queria comer uma coisa barata, mas não sabia o nome de nenhuma das coisas que estava na vitrine do café do aeroporto. Então eu simplesmente apontei pro que parecia mais gostoso e pedi. Acabei comendo um biscoito gigante e cor-de-rosa por dentro, ou metade dele, porque era enjoativo. No avião, indo do Texas pra Colorado Springs, eu estava folheando uma revista americana e achei, simplesmente, quatro anúncios que citavam o Brasil, inclusive um que falava das belezas de Minas Gerais!



Enfim, cheguei ao Colorado. Colorado Springs, pra ser mais exata. Uma bela cidade.



A minha host-family já me esperava no aeroporto, com um monte de coisas bem estadunidenses pra mim.



Eu não precisei passar um dia inteiro com eles pra me dar conta de algo: os americanos comem pra caramba. Nós saímos do aeroporto, tomamos um sorvete e fomos pra casa. Arrumei minhas coisas e saímos pra jantar em Denver, mas paramos no caminho pra tomar um café no Starbucks. Comemos um hambúrguer gigante com uma porção de fritas gigante na janta. Aliás, aí vão minhas observações sobre os hábitos alimentares das pessoas daqui:

1) Ao contrário do que se pensa, eles não bebem Coca-Cola o tempo todo. Eles bebem leite. Vai comer torta de maçã? Beba leite! Vai comer ovos com bacon no café da manhã? Beba leite! Vai comer frango frito? Leite também!

2) Todas as porções de qualquer coisa que você pedir em um restaurante aqui, pra beber ou comer, vai ser enorme.

3) Minha host-sister achou hilário quando eu disse que, no Brasil, nós comíamos ovos no almoço e não no café da manhã.

Mudando de assunto, as pessoas aqui têm uma impressão bem estranha sobre o Brasil. Estou aqui uma semana e já tive que aturar uma garota me avisando que aqui as mulheres não fazem topless quando eu disse que era brasileira; um cara me falando que sempre achou que maconha era legalizada no Brasil até que eu contei pra ele que não era; e um me dizendo "Buenos dias!" quando eu falei que era do Brasil. Minha vontade é ser uma mal educada quando tenho que lidar com pessoas assim, mas eu tenho que ser paciente.

Mudando de assunto de novo, vou falar sobre como foram meus primeiros dias aqui. Certamente não são muitos intercambistas que têm uma primeira semana como a minha. Minha host-mom me contou que a agência de intercâmbio aqui dos EUA aconselha das host-families a deixar os intercambistas mais tranquilos na primeira semana, sem fazer nada difícil pra não "assustá-los". Eu passei minha primeira semana no que minha escola aqui chama de "Marching Band Camp", ou "Acampamento da Banda Marchante", na tradução mais porca e literal, que não é um acampamento de verdade. Sim um super ensaio, das 8:30 da manhã às 9:00 da noite com um intervalo pro almoço e um pra janta. A tal "Marching Band" da minha escola, Liberty High School, foi a sexta colocada nas estaduais do ano passado, com uma coreografia que tinha como tema "brincadeiras de criança".



Eu faço parte da "Color Guard", que são as meninas com as bandeiras. Quem me convidou pra entrar na banda foi minha host-sister. Tudo que as meninas da "Color Guard" fazem pode parecer bem simples. Mas eu vou contar a verdade: não é. No meu primeiro dia do acampamento, eu chorei. Eu não entendia nada que as pessoas falavam, não conseguia fazer a coreografia e, no fim do dia, eu só sabia de uma coisa: eu não ia ficar na banda. Eu já estava decidida. Minha host-sister falou que tudo bem se eu não quisesse ficar, mas a coreógrafa da "Color Guard" insistiu pra que eu ficasse:

- Volte amanhã e veja o que você acha - ela disse. - Se você realmente odiar, tudo bem.

Acabei voltando na terça-feira. Adivinhem o que aconteceu? Eu, mágica e misteriosamente, melhorei na dança, nas acrobacias com a bandeira e na compreensão do inglês da noite pro dia. Eu estava de mal-humor, não queria ter ido ao acampamento, mas mesmo assim eu fui 790000 vezes melhor que na segunda-feira. Eu fui tão bem e acabei ficando tão empolgada com isso que ganhei o que eles chamam de "Pride Medal", que é uma espécie de medalha pras pessoas que fizeram um bom trabalho no fim de cada dia. Agora eu sou meio que parte da banda - e nem fui registrada na escola ainda. Já tenho meu uniforme, fiz alguns colegas e tem sido bem legal.





Isso não quer dizer que foi fácil. Na sexta-feira, eu chorei de novo, porque tivemos que juntar tudo que aprendemos durante a semana e eu surtei. Mas as pessoas aqui são legais. Mesmo que eu fosse péssima, elas continuavam me incetivando e, ao contrário do que eu pensava que seria, eu fui muito bem recebida por todos aqui, apesar das idiotices deles. Uma coisa que eu achei bem legal aqui é o espírito escolar deles. Toda a escola é como se fosse um grande time, unido e cheio de garra, e por isso eles não deixaram que eu desistisse tão facilmente.

Esse foi um resumão da minha primeira semana aqui. Espero ter tempo pra postar mais em breve. Já estou com saudade de todos, mas a gente aguenta. Pra terminar, uma foto de um tipo de coisa que só se vê nos EUA:


Travessia de pé-grande. Foi bom terem me avisado.

PS: eu contei que consegui um bronzeado super estiloso no acampamento? Pois é. Me lembrem de não usar camisa com mangas da próxima vez.